NEOCLASSICISMO NA CORTE


Os estilos e sua cronologia no Brasil:
Colônia (1530-1808): maneirismo, barroco e rococó.
Reinado e império (1808-1889): neoclássico.
1ª República: ecletismo e proto-modernidade (1889-1930).
2ª República e Estado Novo (1930-1945): 1ª modernidade.

O neoclassicismo no Brasil é tardio – enquanto na Europa as primeiras manifestações neoclássicas acontecem ao longo do século XVIII, entre nós só vamos ver a expressão deste movimento que procura um retorno aos padrões da antiguidade ocidental (Grécia e Roma), a partir da fixação no Brasil da corte portuguesa (1808) e da Missão Artística francesa (1816).

A primeira edificação neoclássica na cidade é o portão de Robert Adams projetado e fabricado na Inglaterra e enviado pelo Duque de Northumberland para o príncipe Regente D. João como presente, e que vai ser instalado por este na frente do Palácio da Quinta da Boa Vista que a esta época possui uma estética bastante ‘eclética’.

Mas o neoclássico só vai ser implementado enquanto ‘estilo oficial’ a partir da Missão Artística francesa. Segundo a versão mais confiável (Donato de Mello Jr e outros), Debret e seu grupo, incluindo Grandjean, eram artistas neoclássicos da revolução – Debret foi discípulo de David – e quando da restauração estavam sendo ‘perseguidos’ pelo novo regime borbónico, sendo assim ter-se-iam oferecido à corte portuguesa no Brasil para virem em Missão artística para o Rio de Janeiro.

As primeiras atividades, no contexto de uma corte em adaptação num burgo colonial – uma cidade que antes da chegada da corte não tinha mais de 20 mil habitantes – são manifestações artísticas efêmeras, festas da monarquia absolutista de origem no Renascimento mas também festas que o Iluminismo reatualizou laicizando: chegada da princesa Leopoldina para casar com o Príncipe Real em 1818 e a aclamação de D. João como rei de Portugal e Brasil em 1819.



É possível identificar no neoclassicismo no Brasil uma primeira fase ‘heróica’ em que a vontade de forma se choca com as dificuldades técnicas da conjuntura construtiva no país, e que se identifica com o período do reinado e do primeiro império e onde esse estilo está mais restrito a capital. E uma segunda fase, a do neoclássico imperial, onde as técnicas estão mais adequadas ao estilo e onde este está mais espraiado pelo país (incluindo cidades como Recife) e que se identifica com o período do segundo império.



São obras de destaque da primeira fase a Casa do Comércio (1820) e o Solar do arquiteto (c.1825), ambas de Grandjean de Montigny assim como o Solar da Marquesa de Santos de Pedro José Pezerat (1826), assim como da segunda fase, o Hospital da Santa Casa de Misericordia (c.1852) e o Hospício Pedro II (1852) ambos de autoria de Domingos Monteiro e José Jacinto Rabelo. 



O neoclássico é o período em que a cidade capital da corte se desenvolve tanto do ponto de vista urbanístico como do ponto de vista político-administrativo. Sob o ponto de vista propriamente urbanístico as proposições ficaram mais no papel – como veremos a seguir - mas sob o ponto de vista institucional a transformação foi mais efetiva: edificação de prédios administrativos pois até então a administração publica utilizava prédios coloniais adaptados, tais como a Casa do Comércio ou a Casa da Moeda  (1858) do eng. Teodoro António de Oliveira; edificação de prédios destinados à saúde publica – como os já mencionados Misericórdia e Hospício – projetados dentro dos novos princípios médicos sanitários de isolamento, aeração (próximos do mar), iluminação, e controle (muitas vezes do tipo panótico); edificação de prédios destinados à cultura e ao lazer como o Teatro São João (1813 reconstruído várias vezes) do eng. militar João Manoel da Silva. 



Bibliografia de referência:
CZAJKOWSKI, Jorge (org.) Guia da arquitetura colonial, neoclássica e romântica no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : Casa da Palavra, 2000.
ROCHA-PEIXOTO, Gustavo. Reflexos das luzes na terra do sol. São Paulo : Proeditores, 2000.

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