URBANISMO E NEOCLÁSSICO


Como urbanista Grandjean teve sempre uma visão ampla e logicamente orientada, pugnando pela abolição das ruas estreitas do período colonial e a implantação de bulevares, praças e chafarizes (Mello Jr). A sua concepção de cidade é a de uma capital imperial, com imponentes edifícios institucionais e espaços públicos dominados pela simbólica do poder monárquico: tal como o projeto para o palácio imperial que estava no contexto de toda uma reorganização da região central da cidade conectando o novo Palácio (posicionado onde então era o Paço Imperial, atual Praça XV), com o Campo de Santana onde seria construída uma grande praça do tipo praça real barroca (com arco de triunfo e estátua equestre do monarca no centro) e onde seriam posicionados importantes edificações institucionais, sendo a principal delas o Senado do império. 


Os projetos de Grandjean – que não foram implementados - incluem apenas soluções plásticas, paisagísticas e de traçado urbano. As grandes questões da cidade do século XIX nas reformulações urbanas européias – o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, transportes públicos e espaços de lazer - não estavam contempladas. 



Em seguida às proposições de Grandjean tivemos o Relatório Beaurepaire-Rohan (1843) onde cabe destacar pela primeira vez a preocupação pelos aspectos que assentaram as bases infra estruturais da cidade; abastecimento de água, rede de esgotos, dessecação de pântanos, construção do canal do Mangue, supressão do Morro do Castelo e do Senado para circulação de ar, supressão de matadouros e cemitérios do interior da cidade, e aformoseamento da cidade através de suas praças e largos. As proposições eram significativamente expressivas e algumas delas depois foram concretizadas.

O Plano da Comissão de Melhoramentos, de 1875 e 1876, para a Cidade do Rio de Janeiro, tem grande interesse do ponto de vista histórico e da disciplina urbanística. Os três personagens que elaboraram este plano, os engenheiros Francisco Pereira Passos (que depois vai ser prefeito da cidade do Rio de Janeiro), Jerônimo Rodrigues de Moraes Jardim e Marcellino Ramos da Silva foram designados pelo Conselheiro do Império João Alfredo Correa de Oliveira e essa escolha simboliza o ingresso da nova corporação de engenheiros politécnicos nas políticas urbanas que marcariam a cidade nas décadas seguintes. A organização proposta para a cidade mostra ênfase nos alinhamentos como instrumento de controle para a futura expansão urbana, desenhados sobre bairros incipientes ainda pouco densos: Cidade Nova, São Cristóvão, Vila Isabel, Laranjeiras e Botafogo. Surge grande esquema regular de suporte do crescimento, o que confere magnitude na ocupação planejada pelo Plano da Comissão. Não há propostas para a cidade velha, valendo-se como desculpa a falta de recursos financeiros e de instrumentos que regulamentassem a desapropriação urbana, única solução prevista para a área, de altíssimos custos e difícil valoração orçamentária naquele momento. 



Tudo o que de mais significativo foi feito no urbanismo da cidade ao longo do período imperial esteve associado a parques públicos e ao paisagismo romântico de Glaziou, um francês com formação em engenharia civil e em botânica, esta última pelo Museu de História Natural de Paris. Glaziou chegou no Rio de Janeiro em 1858 e começou de imediato a trabalhar nos jardins das casas aristocráticas até ser apresentado ao imperador para quem fez os trabalhos mais importantes: jardins da Quinta Imperial da Boa Vista, reforma do Passeio Público de Valentim em 1862 e a construção de um novo e grande parque no Campo de Santana (1873). “Além de transformar a paisagem do Rio de Janeiro e - por consequência -  do Brasil, o arborista garantiu a presença de plantas brasileiras e advindas de todo o mundo em praças e ruas do país, sendo o responsável pela descoberta de diversas espécies” (Wikipedia.pt). “O Paisagismo Romântico tem como característica fundamental a  técnica da utilização de materiais inertes imitando elementos naturais como pedras, troncos de árvores, grutas e cascatas. Além disso, eles também são marcados por extensos gramados, pequenos bosques, caminhos em curvas suaves e arbustos ou árvores isoladas, ruas amplas e cômodas e em pequeno número, terrenos acidentados e possibilitando a visão de belas perspectivas, riachos rochas artificiais, quiosques e obras fabricadas” (Wikipedia.pt).




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