URBANISMO 3


SÃO PAULO E A CIDADE JARDIM (1916)


O projeto, de Barry Parker e Raymond Unwin, previa lotes de 1.450m2 dispostos em ruas sinuosas, com jardins internos às quadras, para uso coletivo dos moradores. É estritamente residencial, fora dois clubes e a igreja. Os jardins permeiam todo o bairro com residências que não podem exceder a área de projeção de 1/5 do terreno. A troca de muros por cercas vivas obtinha a idéia de um verde contínuo.  (OTTONI). 



Em 1941 a eliminação dos jardins internos às grandes quadras e o loteamento dos mesmos com recurso ao cul de sac, tinha aumentado consideravelmente a densidade demográfica da região. 


  
A propaganda na imprensa da época vende os loteamentos como situações residenciais ideais: sitio estritamente residencial, arborizado, com as infraestruturas básicas, com espaços desportivos e, mais tarde, com transporte público.



Em seguida vão proliferar diversos outros loteamentos na cidade que se reivindicam dos princípios do Jardim América (cidade-jardim) mas que são também popularizações destinadas às
classes socias mais baixas, como o Jardim Mirandópolis.





RIO DE JANEIRO - PLANO AGACHE (1930)
Alfredo Hubert Donat Agache (arquiteto e urbanista francês) foi convidado pela administração municipal Prado Jr (1926-30) a elaborar um plano de remodelação, extensão e embelezamento da cidade do Rio de Janeiro que foi publicado em Paris em 1930.

Na primeira parte do seu trabalho apresenta um estudo do histórico da cidade com 8 esquemas de evolução da mesma desde antes do descobrimento (esses esquemas serão depois retomados por Edson Passos e Oliveira Reis nos seus próprios planos). Na segunda parte, apresenta um Plano Diretor subdividido em vários capítulos: cap. 1 (Legislação e Regulamentos. Habitação e Zoneamento etc.); cap. 2 (Ossatura do plano diretor, estradas regionais e grandes cruzamentos da cidade futura, o bulevar circular, reorganização geral dos transportes, metropolitano e sua extensão etc.); cap. 3 (Elementos funcionais, palácios federais, ministérios, embaixadas, centro de negócios, bairros de comercio e e zonas de residência, cidade universitária etc.). Essa terceira parte trata também dos grandes problemas sanitários e de abastecimento e esgotamento. Agache previa um órgão permanente para controlar o plano da Cidade.

O plano Agache foi parcialmente aproveitado na Esplanada do Castelo: gabarito de 7 pavimentos mais 2 recuados; galerias para as calçadas com magazines no piso térreo; pátios internos coletivos para praças ajardinadas e passagem etc. (Donato Mello Jr)




O plano Agache acompanha a reestrutura de várias capitais europeias da época e está imbuído de ideais que se fizeram comum e que foram utilizados também na arquitetura nazista de Adolf Speer e na Roma fascista de Mussolini: grandes perspectivas, eixos monumentais para paradas militares, arquitetura proto-moderna de viés neoclássico (simetria) e monumental etc... Depois essa arquitetura, que tanto na Alemanha nazista como na Itália fascista ficou mais no papel, foi reaproveitada nos regimes totalitários que floresceram atrás da cortina de ferro.



Imagem do Plano Agache que se assemelha ao que é hoje o Centro do Rio na região proxima à igreja da Candelária:


GOIANIA (1933).
Em 1933 o arquiteto urbanista Attilio Corrêa Lima (1901-1943) foi encarregado da elaboração do projeto da nova capital do MT em estilo Art Déco. O arquiteto era conhecido por já ter realizados estudos anteriores para Recife (1932). Era formado em arquitetura pela ENBA em 1925 posteriormente graduando-se como urbanista no Instituto de Urbanismo da Universidade de Paris no ano de 1930, elaborando uma tese para um plano de remodelação da cidade de Niterói. Foi professor da cátedra de planejamento urbano da Escola Nacional de Belas Artes à convite de Lucio Costa.

Após uma incursão no estilo Art Déco que marca não apenas a concepção urbana de Goiânia como também o estilo de seus principais edifícios públicos, Attilio teve uma precursora incursão como um dos pioneiros da arquitetura moderna brasileira, tendo projetado entre outros prédios, a notável estação de hidro-aviões do Aeroporto Santos Dumont, atualmente prédio da INCAER.    

O Plano de Atílio Corrêia Lima associava uma esplanada com grandes perspectivas convergindo para uma zona administrativa com um bairro residencial na parte sul do traçado que incorporava características da cidade-jardim, certa irregularidade na disposição das ruas e ‘cul de sacs’.  

A imagem abaixo mostra do lado esquerdo o plano geral e do lado direito detalhe do bairro residencial:



O Art Déco era um pastiche de muitos estilos diferentes, às vezes contraditórios, unidos pelo desejo de ser moderno. Trouxe como princípios para a arquitetura, a racionalização presente na arquitetura industrial (até então vista como não arquitetura). Em distintas vezes não abre mão do ornato, suas construções têm decoração geometrizada, mesmo quando são feitos com bases simples; o concreto armado podendo ser paramentado de materiais nobres como o bronze, mármore etc. O Edifício Chrysler, o Empire State Building e outros arranha-céus de Nova York construídos durante as décadas de 1920 e 1930 são monumentos do estilo Art Déco.



 

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